Hoje olhando essa aquarela de Stan Miller decidi falar um pouco sobre paciência.
Quem nunca trabalhou com aquarela não tem noção de como é difícil. Sempre digo a meus alunos que aquarela é a última técnica que eles devem aprender, a pintura a óleo é a primeira, pois permite que você erre a vontade. A aquarela não. Pintar uma aquarela requer em primeiro lugar um bom material: bons pincéis (um bom custa aproximadamente 150 reais), bons pigmentos (os em barra são os melhores) e principalmente bons suportes, ou seja, papéis de qualidade. É claro que você pode treinar com algo mais barato, mas a diferença de resultado é gritante. Depois, muita paciência. O princípio da aquarela é saber o que não pintar, pois são as áreas que ficarão em branco. Então você tem que treinar a pincelada exaustivamente, pois depois de feito não pode ser corrigido. As sobreposições tem que ser perfeitas para propiciar os escuros necessários. É quase um trabalho de vidente, pois se trabalha com água pigmentada sobre um superfície que vai sugar essa água, é você a mercê do destino, mas que você aprende com o tempo a saber os caminhos que ela percorre. Aí então, quando você controlar o futuro, saberá pintar uma aquarela.
E a vida o que tem a ver com isso? Não há mais tempo para aquarela. Não há mais tempo para a paciência. Não há mais tempo. Tudo é muito fugaz. Tudo é muito imediato. Não há espaço nem para a pintura a óleo. Vivemos num tempo de Assemblage*, onde só o pronto é rápido é o suficiente.
Sidnei Akiyoshi
*Assemblage: O termo assemblage é incorporado às artes em 1953,
cunhado pelo pintor e gravador francês Jean Dubuffet (1901-1985) para
fazer referência a trabalhos que, segundo ele, "vão além das colagens".
O princípio que orienta a feitura de assemblages é a "estética da
acumulação": todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à
obra de arte. (Enciclopédia Itaú Cultural).
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