30 de mai. de 2013

Silêncio

Pequeno Esclarecimento

   Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio – um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio… Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

Mario Quitana

Silêncio.

   Existem vários tipos de silêncios. Que podem ser silêncios de ira ao silêncio meditativo. Nos tempos contemporâneos isso é visto de forma negativa; como, no tempo da informação, pode existir alguém querendo não falar? E tem gente que fala pelos cotovelos, sem dar bola para a máxima de que o silêncio é de ouro.
   Hoje venho pedir que calem a boca. Sei que assim, de supetão, soa duro. Mas muitas vezes é um mal necessário. Respira e vá fazer silêncio, existem várias formas de fazer silêncio; lendo um livro, ouvindo uma música, fazendo um doce incrivelmente delicioso, cuidando de um pequeno jardim, caminhando.
   Hoje vim falar disso, mas queria muito ficar em silêncio. Pois no silêncio algumas pessoas ficam azuis, e outras de súbito, até levitam.


Sidnei Akiyoshi

25 de mai. de 2013

LIMBO

Oi!!!

   Vamos jogar vídeo game???

   Eu particularmente gosto de jogos em geral; podem ser em tabuleiros, cartas, RPG, de rua e vídeo games. Não jogo tanto quanto gostaria pois tenho certa tendência a viciar, quem assiste Big Bang Teory entendo um pouco sobre o que estou falando. Então, me mantenho em um afastamento seguro. Mas essa postagem não é sobre vício ou a tentativa de criar um grupo on-line para jogar tudo o que aparecer...simmmm jogar, jogar, jogar....(pausa para o remedinho e limpar a baba, rsrsrs).
   Vim falar sobre um jogo específico que foi lançado ano passado: LIMBO. Eu ainda não joguei, mas já vi trechos dele no you-tube. É um jogo bem simples, nada desses jogos 3D com super definição, repletos de personagens e cenários deslumbrantes. Ele usa aquele tipo de jogo que é um bonequinho que corre da esquerda para a direita e pula, nem sequer atira. Até aí, tudo normal, o que surpreende é a temática. Uma criancinha que corre por um local desolado, iniciando numa floresta, em contraste num fundo esfumaçado que dele vemos apenas o contorno e o brilho dos olhos.
   É desolador ver o personagem correndo sem a gente saber exatamente o que ele procura, talvez apenas procure sobreviver. O jogo é de um silêncio absurdo, repleto de perigos, como aranhas gigantes, buracos, coisas desabando, seres chupando seus cérebros. Tem um trecho que atravessa um lago cheio de corpos de outras crianças, e descobre que ele será mais um. É uma fase difícil de passar, até descobrir que tem que pegar o corpo dessas crianças e jogar na armadilha para desativar.
   Mas apesar de parecer um jogo violento, não é. Reflete muito o que escrevo aqui, essa solidão, essa falta de perspectiva, essa sensação de que corremos para chegar a lugar nenhum. Vejam esse trechinho, na internet tem partes mais completas. E se forem jogar me chamem, to louco para jogar esse!!!


Sidnei Akiyoshi

20 de mai. de 2013

Cartas.

Oi!!!

   Hoje pensei muito sobre o que escrever aqui no blog, e nada vinha à mente. Nada que eu quisesse escrever, obviamente. Olhando para minha escrivaninha, pensei: se fosse uma carta não estaria nesse dilema, sempre há o que dizer numa carta. Nisso lembrei do projeto que ora eu me empenho mais, ora deixo um pouco de lado, mas nunca abandono; os "Amigos de papel". É assim que chamo as pessoas com quem troco correspondências (sim, cartas escritas à mão e enviadas pelo correio), tinha até umas regras; por exemplo: não escrever mais do que uma folha por carta. Isso é bom pois leva a mandar mais cartas; quando não tiver nada para escrever, mande três palavras de presente (isso eu sempre faço), afinal mais do o conteúdo, o receber uma carta é algo tão bom, tão bom, que devia fazer parte da cesta-básica para uma vida feliz.
   Tenho guardada mais de uma centena delas. Sim, troquei muitas cartas já. Meus amigos até ficam com vergonha de me responder pois uso meus rascunhos de desenhos como papel, e sempre têm um toque artístico nelas, mas é para que o prazer em ler seja ampliado e o desejo em responder mais ainda. Vou ressaltar aqui, receber uma carta escrita à mão de alguém querido seu é uma experiência única, em tempos contemporâneos repletos de tecnologias imediatistas soa como encontrar o bilhete premiado no chocolate Wonka.
   Experimente isso, troque cartas com alguém. Você verá que o que digo é a mais pura verdade. Mas deixa eu ir, ainda tenho umas cartas para escrever.

   E sim, eu tenho pena, tenho tinteiro, variados papéis de carta, cera de lacre, só falto um sinete (aceito presentes).

Sidnei Akiyoshi

15 de mai. de 2013

Ao mestre.

Oi!!!

   Hoje vou postar uma tradução de um texto de um poeta grego antigo, Anacreonte, feita pelo Prof. Antonio Medina Rodrigues que infelizmente desceu ao Hades essa semana. Esse poema representa bem o espírito desse professor, brincalhão mas apaixonado pelo que fazia. Gozava a vida com deleite, esticando a primavera o mais que podia. São pessoas como ele que nos fazem olhar a vida por um outro prisma, fora dessas caixinhas chatas.

Sidnei Akiyoshi


Anacreonte # 2

1.
Traz essa taça, ó rapazinho,
Para que agora um trago eu prove,
E cinco doses põe de vinho,
Uma de água com mais nove.
Eu decidi, sem insolência,
Honrar a Baco em compromisso,
Dispenso agora a exigência,
O formalismo, e mais serviço!
Não quero claque ou audiência. [Fr.4 Diehl]

2.
Detesto quem evoca
Prantos da fera guerra,
Enquanto os lábios molha
Ao vinho da cratera.
Por isso eu amo quem
Mistura Musa e Vênus,
E os dons da farra tem,
Esplêndidos, serenos.

3.
Alva me restou a fronte,
Me são têmporas grisalhas,
Vão meus verdes anos: onde?
Já meus dentes são limalha!
Resta-me viver da vida
Um sopro que vai morrendo,
Por que choro sem guarida?
Pelo Tártaro, que é horrendo.
Mas terrível é que a ida
Não tem volta, é só descendo

Trad. Antonio Medina Rodrigues.

10 de mai. de 2013

Made in China

Oi!!!

   Espiritualidade. Esse tema tem rondado pessoas próximas a mim nesses últimos tempos, mas em verdade isso sempre me rondou. Não falo de religião especificamente, mas de espiritualidade. O que em geral as pessoas vão buscar dentro de uma religião, para se religarem ao plano espiritual. E que no fundo, basicamente, é uma preparação para a morte.
   Mas como ser espiritualizado num mundo contemporâneo? Onde o consumismo cada vez maior e mais fácil impulsiona as pessoas a uma vida materialista, o "made in china" veio para democratizar todo e qualquer produto de desejo, de cueca a celular. E cada vez mais as pessoas lotam igrejas, templos e terreiros para pedir mais dinheiro para ter mais objetos de desejo; afinal não têm nenhuma garantia de que no paraíso vá ter o perfume que gostam, melhor prevenir e levar um junto, unzinho passa na alfândega do paraíso.
   É o que eu digo, nessa contemporaneidade o desejo é o bem mais consumido, que segundo Jung é o que leva a felicidade, e assim que satisfazê-lo, substitui-se por outro desejo e assim infinitamente, pois não amamos o que temos mas sim o que desejamos. Mas e a espiritualidade no meio disso tudo? Pois é, eu que sou avesso a religiões, sempre estive a procura da minha espiritualidade; e não é que encontrei algo made in china!!! Sim, dentro da filosofia chinesa existe o Taoísmo e acho que vou me dar bem com ele. A prática recorrente: meditação. Vai ser uma luta meditar em tempos contemporâneos, mas depois eu conto aqui. E você já se espiritualizou? Soube de uma leva de objetos sagrados para adoração made in china, corre lá, é baratinho.
Sidnei Akiyoshi

Por que tão no alto...

5 de mai. de 2013

Aceite! A culpa é sua.

Oi!!!

   Hoje eu vou relembrar minha terapia. Sim terapia é algo que ajuda e muito em nossas vidas, recomendo. Eu fiz uma chamada filosofia clínica, que consiste em você contar sua história repetidas vezes e com isso o terapeuta vai mostrando onde você funciona e onde não. Um dos pontos que julgo fundamentais foi a descoberta da culpa, ou responsabilidade, ou simplesmente admitir que estava errado. Somos criados com uma espécie de terceirização da culpa. Vamos exemplificar: chegar atrasado a um encontro, qualquer um. Geralmente chegamos com frases do tipo: estava um trânsito; o despertador não tocou; foi difícil achar uma vaga para estacionar; choveu; e assim por diante. Em geral não assumimos a culpa, terceirizamos (seriam tempos de neoliberalismo?). Comecei a prestar mais atenção onde terceirizava minhas culpas e comecei a assumi-las, talvez o atraso seja a mais comum delas mas também a mais desagradável, pois envolve terceiros. E aquela desculpa de ter atrasado só dez minutos é falsa, pois a pessoa chegou dez minutos antes, portanto já está te esperando a vinte. E desculpas funciona quando acontece uma ou outra vez, mais que isso é desrespeito. Portanto tem que focar em aceitar seu erro e localizar o que você faz que gera ele. No caso do atraso é razoavelmente simples, sair mais cedo já resolve mais da metade dos atrasos. E isso vale para todo a vida, de ganhar uns quilos a mais à corrupção no país. Sim, é tudo culpa minha.

Sidnei Akiyoshi