15 de jan. de 2014

Rolezinho: tô fora.

Oi!!!

   Nada como começar a ano com uma boa dose de contemporaneidade na veia. Dessa vez naquele ponto que acredito ser o mais nevrálgico na sociedade brasileira: a divisão das classes sociais.

   Sim estou falando dos tais "rolezinhos" que ocorreram em São Paulo e estão se alastrando por todo o país. Aquele bando de favelado que foi dar uma volta no Shopping Iguatemi. Eu poderia parar aqui, pois nesta frase já está descrito tudo o que li por aí nessa semana. Vamos fazer uma análise semântica: Aquele bando - bando já é uma quadrilha de malfeitores, acrescido do pronome aquele, gera distanciamento de quem fala. Favelado - é uma designação de pessoas de pouco poder aquisitivo que invadiram um terreno privado para construção de casa rústica, também muito associado a ladrão e sinônimo de maloqueiro. Foi dar uma volta - não tinham nenhum objetivo específico, apenas circular. Shopping Iguatemi - Local de compras conhecido por atender ao chamado público consumidor AA, ou seja, de maior poder aquisitivo. Ou seja, o sujeito não é compatível com o adjunto adverbial de lugar, ou vice versa.

   Com base nesse tipo de informação as pessoas começaram a tirar conclusões, baseados na velha temática sobre divisão de classes sociais e suas respectivas filosofias. Gostei do texto do Leandro Beguoci, onde ele desmistifica um pouco isso tudo e coloca um pouco de reflexão sobre o tema.

   Rolezinho sempre existiu, e isso não é exclusividade de quem mora em periferia, todos os jovens fazem isso (lembro que o point preferido da comunidade nipônica adolescente para o relezinho era o Shopping Paulista). A questão que aparece agora é que o jovem do Campo Limpo tem que fazer o rolezinho no Shopping do Campo Limpo (que é recente) e não no Shopping Iguatemi. Mas a questão é que o jovem do Campo Limpo quer a mesma coisa que o jovem dos Jardins, se diferenciar; como qualquer jovem inserido numa sociedade capitalista. E dar um rolê no Iguatemi o diferencia daqueles que ainda só dão um rolê no Campo Limpo. Pois as "regras" de quem pode ir ao Iguatemi não estão sendo quebradas, que é ter um tênis caro e original no pé e roupas de marca, além do bom e velho lanche no Mc Donald's.




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   A questão toda é que o pessoal dos jardins ainda não percebeu que esse pessoal da periferia hoje tem dinheiro para comprar objetos caros. E para o pessoal da periferia já não trás tanta ostentação assim andar com esses objetos por lá. E mais do que querer fazer parte dos endinheirados dos Jardins, esse pessoalzinho dos rolezinhos, querem mesmo é se diferenciar daqueles da periferia que não possuem esses objetos de valor; não diferem em nada de um mauricinho.

   Portanto, são aqueles que começam a ter algo querer ser o que há de pior daqueles que sempre tiveram.

   Rolezinho, tô fora!

   Sidnei Akiyoshi

6 de jan. de 2014

Ilha.

Oi!!!

   Começando o ano de 2014. Depois de uma pequena pausa de fim de ano voltamos com um pouco de filosofia de esquina para aqueles que vivem num rodovia.

   Quero retomar um pouco sobre o que é esse blog. Escrever sobre contemporaneidade. Mais especificamente, sobre o ser humano na contemporaneidade. Pois acredito que as pessoas insistem em acreditar que estão numa modernidade, ou seja, aquilo que se viva antes da segunda guerra mundial. Onde estavam aterrados com as primeiras guerras do século XX mas desejando que tudo ficasse como sempre foi, sem saber que tudo aquilo iria resultar nos horrores que foi a segunda guerra mundial. Passadas algumas décadas de silêncio/luto o ser humano achou que deveria mudar o paradigma do que é o ser humano. E tudo, principalmente as artes, culminaram com aquilo que foi o ano de 1968; paz, amor e revoluções sociais. E de puro moralismo passamos a uma certa libertinagem (social e moral) travestida de liberdade. E toda esta liberdade veio num crescente até chegarmos naquilo que acredito que seja a mais libertadora: a informação.



   Mas liberdade demais gera medo. E todos tentam viver suas liberdades individuais como uma piscina no meio de um lago sujo. Tudo até pode parecer normal, mas basta um gota a mais para que tudo se contamine. Portanto você até pode viver por um tempo em plácidas águas, mas chegará o momento em que o lodo chegará e todos terão que aprender a viver no barro num salve-se quem puder. Não há a necessidade de revivermos a segunda grande guerra, basta entendermos que o que para uns é piscina, para outros é água potável. E quando essas percepções de realidade mudarem talvez tenhamos as condições necessárias de voltarmos a sermos humanos num sentido mais platônico e menos hobbesiano.

   Sim, ainda acho que há esperança, e ela está nas artes. Mas cada vez mais as pessoas entendem menos. Até que uma nova Helena seja raptada, e o resto, vire história.

   Sidnei Akiyoshi