31 de mar. de 2013

NAAN

Oi!!!

   Hoje estava numa situação extrema. Literalmente havia apenas farinha no armário. O que fazer? Lembrei daqueles pães chatos feitos sobre pedra que tanto os índios como os árabes fazem. É bem simples: 3 xícaras de farinha, 2 colheres de azeite, 1 colher pequena de sal, uma de açúcar, 1 xícara de leite ou água e um condimento seco, no caso utilizei orégano. Mistura tudo, abre um disco e assa ou frita sem óleo, sobre a frigideira mesmo, já que não tenho aquela fogueira com uma pedra em cima. E pronto, fica bom e sobrevivi mais um dia.


   Mas o que isso tem a ver com o blogue? Enquanto fazia fiquei pensando sobre o comodismo de termos pão de forma pronto em pacotes. Não que isso seja ruim, mas que vivemos numa sociedade do pronto do imediato. Sem termos que criar nada, uma vida sem situações extremas. Afinal quem quer ir plantar trigo, colher, moer e fazer seu próprio pão? Marcia Tiburi disse que sem dor não há arte. Então estamos fadados a reproduções de Romero Brito. Quadros de felicidades enlatadas e coloridas. Naan, naan, naan...

Sidnei Akiyoshi

27 de mar. de 2013

"Colecionadores de olhares desaparecidos”

Oi!!!

   Sim, estou a procura de uma agulha num palheiro!!!

Fio - Cildo Meireles - 1990/95 - Fio e agulha de ouro em fardo de palha.


   Estes últimos tempos tenho me questionado muito. Como artista, como pessoa, como ser em si. Muito mais a procura de uma pergunta do que uma resposta. Pois as respostas geralmente não servem ou se servem já não é mais a resposta que procuro, pois se a encontrei a pergunta deixou de existir. Talvez pela situação financeira difícil, fique realmente difícil continuar em arte, mas isso nunca impediu de fazer arte, então não é uma questão inibidora do pensar em si, talvez dificulte um pouco o fazer, mas isso tudo é possível canalisar para outros meios mais acessíveis de produção, como o vídeo ou o virtual, ou mesmo o mais básico dos fazeres artísticos: o desenho.
   A questão principal é sobre o que falar. Muito já foi dito, muito está sendo dito. Mas nada realmente cria aquele "estalo" que me move, nada gera o desejo criador. O que faço é reproduzir o mesmo, que nem meu é, apenas reconto aquilo que alguém já contou. Procurar esse olhar desaparecido está cada vez mais difícil. Sei como procurar; basta olhar para aquilo que está, ver o que é e questionar o por quê? Mas mesmo assim tudo parece ser tão maçante. Talvez o tédio seja o principal elemento, mas será que David Hockney já não disse tudo? Talvez a morte da arte seja o mote principal, ou o luto segundo Marcia Tiburi. Devemos beber o defunto (arte) e num silêncio constrangedor, entre sussurros maliciosos, enaltecê-la. Talvez seja isso, produzir o silêncio do velório até que esse período de luto acabe e possamos viver novamente. Ou quem sabe aguardar o terceiro dia.... na dúvida verei se nesse palheiro alguma galinha botou algum ovo e garantir o meu. Omeletes são ótimas.

Sidnei Akiyoshi

14 de mar. de 2013



Ilusão

Há um deserto em meus olhos.
Sirocos.
Findam os ataques do norte;
trégua entre cílios.
Num enlace, unem-se.
...
Nasce a escuridão.
Os olhos tateiam.
Buscam imagens onde não há.
É somente negro sobre negro.
Inquietos,
se voltam para o meu ser.
Inquirem.
Exigem imagens.
Sob olhares incisivos e ameaçadores,
crio.
...
Sonho.
Inundo meus olhos.
Iludo.

Sidnei Akiyoshi

10 de mar. de 2013

Política: manual teórico.

Oi!!!

   Esse fim de semana ocorreu a manifestação de repúdio contra a nomeação do Pastor Marco Feliciano no congresso nacional. Ela teve início na internet no facebook fazendo o chamamento para a manifestação de corpo presente nas ruas. A manifestação foi feita. Não tinha tanta gente como se esperava, mas o recado foi passado. Foi?
   Então... a política é mais complicada do que isso. É claro que manifestações indicam as intenções do povo, mas estão longe de fazerem mudanças significativas no processo político. Pois fazer política cansa, é chato e nem sempre se consegue o que se desejava, pois é um jogo de trocas. Sim, para se conseguir algo é necessário ceder, e nem sempre o que está em jogo é o mais correto, o mais justo ou aquilo que você acredita. Isso é política.
   Dentro da política as comisões tem papel importante, pois são nelas que os temas pertinentes à sociedade são discutidos e os textos redigidos, para só então serem enviados para votação na câmara com seu devido parecer, ou seja já chega bem mastigado. Por isso são tão disputadas.
   Tá, e o que tudo isso tem a ver com a sociedade contemporânea? Simples, fazer política é desgastante. Ficar de fora falando que quem tá dentro não faz direito é muito cômodo, Difícil é enfrentar os dinossauros da política lá dentro, e o pior, dentro do jogo deles, que não é nada limpo. Só quando entrarmos no sistema e lá mudarmos é que a política será feita com mais honestidade, enquanto não for feito isso continuaremos gastando muita sola de sapato em manifestações infinitas.
   Mas fazer isso da muito trabalho. Verdade. A sociedade atual não quer esse tipo de trabalho. Verdade. Qual o próximo post mesmo...


5 de mar. de 2013

Tarde demais para flores.

Em nosso quintal só nasciam avencas.
Plantas que não gostam de sol,
que gostam de umidade.
Folhas pequeninas.
Bem verdinhas.
Frágeis.
Nunca nenhum girassol nasceu naquele jardim.

Sidnei Akiyoshi