30 de jun. de 2013

Estamos bem mesmo sem você?

Oi!!!

Escrevi depois de ver um filme que não lembro o nome...



Presenças e distanciamentos.

O que é mais pernicioso?

Estar perto é infeccionar-se com a existência alheia,

é espelhar igualdades e refletir diferenças.

É ter que negociar destinos em conjunto.

Estar longe é manter-se isolado.

É livrar-se dos inconvenientes;

mas ter que dialogar com o espelho.

É livre.

Mas há destino?

Estamos bem?

Sidnei Akiyoshi

25 de jun. de 2013

Partidos políticos: cuma?

Oi!!!

   Em sequência aos posts políticos, que naturalmente se fazem necessário, hoje venho falar de partidos políticos. Muito pela hostilização que tiveram nas últimas manifestações. Mas o que é um partido político: "União voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, organizada e com disciplina, visando a disputa do poder político" (NILDO, Viana). É bem claro a definição. Vale lembrar que no Brasil não pode existir o Partido Nazista, o Fascista e o Monarquista.

   Agora, por que da hostilização aos partidos políticos? Bem, isso é complicado mas tentarei colocar o pouco que eu entendo. Primeiramente o brasileiro não tem o costume de se organizar em grupos, e quando se une a burocracia acaba os afastando. Afinal para ser organizada e com disciplina é necessário ter regras que geram a burocracia. Para quem conhece o funcionamento de uma assembleia, por exemplo, sabe que mesmo com regras é possível manipular através da burocracia. É o que eu chamaria de vencer pelo cansaço. Mas o que mais contribui para a negação aos partidos políticos são as afinidades ideológicas e políticas. As siglas em geram expressão as ideologias; PCdoB (Partido Comunista do Brasil) é a grosso modo aqueles que seguem a ideologia comunista, mais estatais; PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) que, a grosso modo também, são os que defendem uma ideologia de centro, ou um meio termo entre estatal e privado. Como em geral as pessoas não entendem de ideologia política, não escolhe nenhum.





Visão do brasileiro sobre partidos políticos.

   Mas os que tem alguma noção também estão descontentes. Aí temos duas coisas: o descompasso entre o que pregam e o que fazem, ou seja, você escolhe um partido pensando que ele fará uma coisa mas quando chega ao poder faz outra, desviando de sua ideologia. Outra coisa é a particularização das ideologias dentro dos partidos, onde cada político individualmente vota de acordo com os seus interesses, mesmo que contrário aos interesses do partido. Com isso tudo fica difícil para o cidadão comum "tomar partido". Isso sem contar as manobras do "toma lá, dá cá", ou seja você vota comigo nisso que depois eu voto naquilo com você. (No filme MILK, isso dá para ver bem claro como funciona). E eu acredito que isso seja o que mais deixa os eleitores desgostosos com os políticos.


   Talvez por isso a tão falada Reforma Política se faz necessário, e onde o voto distrital talvez seja a mudança mais importante, pois significa que o candidato que vai te representar seja da sua região e não aqueles mais votados na capital, ou pior, aqueles que se elegem com o voto dos outros. Mas existem muitos outros pontos da Reforma Política que devem ser debatidos.

   Mas para finalizar eu diria que o principal fator para não participação em Partidos Políticos seja a burocracia. Afinal, quem gosta?

Sidnei Akiyoshi

20 de jun. de 2013

Como funciona o Estado?

Oi!!!

   Os R$0,20 já foram reduzidos. Mérito desse povo todo que saiu às ruas para se manifestar. Mas isso é bem pontual e qualquer governante consegue transferir verbas de alguma outra área, ou da mesma, para cobrir esse "desfalque". "E agora Jose?" Como diria nosso querido Drummond.
   Vejo outras pautas nas reivindicações como a PEC-37, fim da corrupção e até impeachment. Mas isso é muito mais complexo do que se pode se imaginar. Lembro quando fizemos uma greve de alunos na FFLCH-USP por mais professores. Foram 106 dias de greve, com muitas manifestações, até conseguirmos a contratação de 92 professores para a faculdade, na pauta eram 256. Mesmo assim foi uma vitória, pois cursos que fechariam, não fecharam.
   Mas para conseguirmos isso, além das manifestações, foram muitas reuniões, assembleias, e principalmente, comissões. Foi através delas que as conquistas surgiram. Nelas eram estudados os regimentos da FFLCH e da USP e encontrado as brechas jurídicas para obrigar o Estado a intervir e assim ser liberada a contratação.


   Bradam que nas urnas se fará a diferença. Acho isso uma falácia, pois o sistema está viciado. Independente de quem entrar, se não entrar no sistema será engolido por ele. Pois muita coisa errada em política, na verdade é feita na legalidade, utilizando as brechas que existem nas leis. Por isso digo, o próximo passo é entender o funcionamento do Estado, para daí saber onde atuar como cidadão. Isso dá trabalho? Sim é muito trabalhoso. Mas pode-se unir a outros que estavam acordados antes já fazendo isso. Mas em casa mesmo você já pode começar... aposto que nunca nem pegou a constituição brasileira na mão. Pode começar por aí, saber os direitos e deveres seus e de quem você coloca para governar.
Boa leitura.

Sidnei Akiyoshi

15 de jun. de 2013

Enquanto eu tenho R$0,20 ou o porque da classe média não ir às ruas.

Oi!!!

   É impossível ficar impassível aos acontecimentos dos últimos dias em São Paulo. Já comentei, postei, curti muitas coisa sobre isso. Mas de tudo o que mais me chateia são os comentários de uma classe média que se indigna com manifestação. Poderia aqui colocar inúmeros argumentos e exemplos a favor da manifestação, mas vou inverter, vamos falar porque não manifestar.
   Vamos entender primeiro a estrutura de uma classe média, a chamada classe B-C. Não estou falando de classe média alta, aqueles dos sofás de R$4.000,00. Mas daqueles que ganham entre 2 e 10 mil. Existem desde trabalhadores de fábrica até profissionais liberais, então é um público amplo e heterogêneo. Para eles o sistema em vigor não é perfeito (prefeririam um Thatcherismo bem Neo-liberal com Estado Mínimo) mas é o que tem e se adaptam com certa facilidade a ele. Têm aversão a Comunismo, Socialismo, Marxismo ou qualquer Ismo que tenha vermelho em sua bandeira. Hoje eu entendo que vivemos em uma social-democracia levemente de esquerda, pois você tem saúde e educação (que é o básico) gratuita para todos (conseguir são outros quinhentos).
  Com esse perfil da classe média e de governo bem superficial, já e suficiente para entender o mecanismo. O indivíduo dessa classe precisa se locomover para seu trabalho (isso ele conquistou a duras penas, mérito dele), mas o transporte coletivo é deficitário, ele compra um carro à prestação. Ficará preso no trânsito mas sabe que terá como chegar ao seu trabalho para poder pagar o carro. Fica doente e não consegue atendimento ágil pelo SUS, ele paga um plano básico de saúde para ser atendido. Seu filho precisa estudar mas a escola é precária, tanto em espaço, como material, como professores, ele paga um colégio particular. Com a aquisição desses bens ele se sente inseguro com a segurança pública, e muda-se para um condomínio fechado e paga um guardinha para ficar numa guarita.

Marcha pela Família, Trabalho e Propriedade com Deus.


   Enquanto ele conseguir espremer seus R$0,20 centavos para pagar isso tudo, que numa social-democracia deveria ser fornecido pelo Estado (não os R$0,20 centavos), pois é direito básico, ele continua preferindo essas soluções individuais, pois se esses R$0,20 centavos dá para pagar isso, ele prefere, pois cobra desse setor privado e não precisa ir às ruas pedir para o Governo fornecer. O que esse indivíduo não entende, é que abaixo dele exista outras classes, aproximadamente 40% da população brasileira, que não têm acesso a esses R$0,20 centavos e nenhuma perspectiva de conseguir. Essa parcela também não sai às ruas para manifestar, pois o desejo dela é também ter acesso aos R$0,20 centavos. Resta uma pequena parcela de pessoas que entendem que todos deviam ter acesso a pelo menos R$0,20 centavos, para ter estudo e poder escolher a melhor forma de manifestação para ter o básico e não precisar gastar esses R$0,20 centavos com isso.
   Ps: R$0,20 centavos é uma metáfora, ok?

Sidnei Akiyoshi

10 de jun. de 2013

Que pobreza!

Oi!!!

   Hoje eu gostaria de falar um pouco sobre ser pobre, pobre no sentido mais literal da palavra, aquele que não tem dinheiro. Sim, eu sou pobre. Como sei isso? Não tenho casa própria, não tenho carro, não tenho moto, nem sequer uma bicicleta (só dividas). Não tenho um trabalho de carteira assinada (terei um, mas estou ressabiado disso, afinal será como professor do estado....uuuuuu), ou seja, não tenho salário, nem vale comida, nem vale transporte, nem plano de saúde, não tenho nada. Estão se perguntando: "mas como ele vive?". Também me pergunto isso. Mas eventualmente até vendo um trabalho meu, pra quem não sabe sou artista plástico, mas isso não é muita coisa, não mesmo. Acho que posso até me candidatar ao Bolsa Família, não tinha pensado nisso....
   É ruim? Sim, é ruim. Tem dia que preciso contar moedas para comprar pão. Nunca fui ambicioso, nunca quis ser engenheiro, advogado, médico, essa profissões com bons salários. Sempre me vi fazendo algo mais prazeroso, não necessariamente menos trabalhoso, mas com certeza menos rentável. Gosto da ideia do Domani, que diz que deveríamos trabalhar 20 horas por semana para no resto do tempo fazermos o que realmente é importante na vida (cada um deve saber aquilo que é importante para si).

 "Índia Tapuia" - Albert Eckhout

   Mas hoje queria refletir um pouco sobre essa extrema pobreza. Pois a pobreza em si não é tão ruim, mas em situação extrema, é nociva; para o dia-a-dia, para a mente, para o social, para a vida. Hoje penso sobre o que escreveu Hobbes, que o homem é o lobo do homem, ou seja, que se não for saciada as necessidades mais básicas, o animal prevalece. E mesmo meu animal irracional é pobre, me penso muito mais como uma hiena roubando carniça, do que um lobo destroçando uma ovelha.
   Bem, mas agora vou pintar um pouco, afinal sempre há a esperança de vender um quadro...e ficar menos pobre.

Sidnei Akiyoshi

5 de jun. de 2013

A coxinha bege.

Oi!!!

   Esses dias eu li um artigo muito bom sobre o que é ser coxinha. Aquela pessoa que nasce, estuda direitinho, faz inglês, faz uma faculdade, casa, tem filhos, compra apartamento, carro e viaja. Ou seja é o estereótipo de uma pessoa extremamente comum da classe média. E o que é que tem de errado nisso? Não está perfeita? Essa é a questão, está certo demais. Esta perfeição só existe dentro de uma bolha blindada da vida.
   Vamos exemplificar algumas coisa, eu chamo esse tipo de vida de "nude", termo usado em modismo recente para designar algo discreto, elegante e chic. Pois essa pessoa mora num apartamento (geralmente próprio ou em pagamento) e sua decoração se resume em ter uma parede bege, com um sofá camurça, almofadas marrons e beges, tudo sobre um tapete ocre. Ah, tem os quadros de reprodução de um artista pop famoso (em geral Picasso, Matisse ou Miró) comprado em uma das viagens. Mas pensa, seriamente, em adquirir uma reprodução de Romero Brito. Suas roupas seguem o mesmo padrão. Filmes e teatro só assistem os de comédia e romance, pois dramas mostram cenas de violência, fome, doença, e pasmem, morte - afinal quem assiste um filme em que alguém morre, só se for ficção.



   Você também não sabe o que tem de errado nisso? São essas pessoas que acham que ônibus atrapalho o trânsito, que mendigo é praga, que albergue de morador de rua é legal contanto que não seja no bairro dela, que bandido bom é bandido morto e que o mundo devia ser privatizado. Isso mostra o quanto essas pessoas vivem ilusões e não querem que sua bolha seja estourada, se inunda uma favela por onde ela é obrigada a passar para o trabalho, ela torce para que isso não atrapalhe o trânsito na manhã seguinte.
   O filme Beleza Americana retrata muito bem esse conceito e a rosa do filme exemplifica perfeitamente: uma flor linda, vermelha, perfeita, sem espinhos e sem cheiro. Só a aparência importa.

Sidnei Akiyoshi