28 de jul. de 2013

Iniciativas e Acabativas.

Oi!!!

   Hoje serei bem breve em meu texto pois, além de estar atrasado, preciso dar acabativas a determinadas iniciativas.

Lauren Spencer King



   Peguei esse tema da minha querida amiga Luiza Lisboa, que disse que está cansada de pessoas com iniciativas e queria mais com acabativas. Pois talvez esse seja um dos males da nossa contemporaneidade, muitas ideias e poucas realizações. Sei que ter ideias não é algo fácil, você precisa estar fora da caixinha e ter a mente aberta para fazer aquilo que não existe, aquilo que se achava impossível de fazer até alguém fazer. Mas por em prática a maioria das ideias requer tempo, trabalho e dedicação. E essas três palavras as pessoas contemporâneas fogem com afinco, pois vão contra o mantra mais pronunciado: imediatismo.

   Eu sempre me coloco como o sujeito inserido nisso. Tenho quatro linhas de pesquisa em artes (encáustica, apropriação/foto, colagem e texto/foto) todas são ideias bem interessantes, mas sempre estou postergando por "N" motivos o desenvolvimento mais aprofundado. Tirando a encáustica que tá um pouquinho melhor o resto está um pouco depois da iniciativa... então já que hoje acordei com desejos, vou lá pro ateliê.

   Espero que vocês pensem nas suas iniciativas que estão sem acabativas aí em suas vidas. Como disse num post anterior, coloque um fim, mesmo que parcial, pois é melhor ter pequenas acabativas que nenhuma.

Sidnei Akiyoshi.

20 de jul. de 2013

O tecido da amizade.

Oi!!!

Como é dia do amigo, um texto teórico sobre amizade, de J.P. Vernant no livro Entre mito e política.



   "Existimos com e pelos outros, que, ao mesmo tempo, são e não são como nós. (...). É assim também que se tece a amizade, por meios de percursos mais ou menos difíceis, de fracassos, de contra-sensos, de retomadas... Não existe imediato nos homens, tudo acontece por meio de construções simbólicas.
   Por vezes, também, é preciso dar umas tesouradas no tecido, mesmo com pessoas que gostamos muito, cortar para que o tecido continue.
   (...)
   ..., que são amigos aqueles com os quais temos as coisas essenciais em comum: as lembranças, as experiências, os valores... Dizer que entre amigos tudo é comum significa que existe, como na cidade grega, uma relação particular de igualdade em virtude da qual a própria vida privada, ao menos em muitos de seus componentes, é compartilhada com os outros; não é só porque podemos dizer aos amigos coisas que não diríamos a outros; mas as recordações, as alegrias, as tristezas, que nada têm a ver com o domínio público, no sentido grego do termo, e sim com o que eu chamaria de próprio, particular, são vivenciadas na participação com os outros em uma relação de troca igualitária.
   Com efeito, a igualdade é fundamental na amizade. Quando se é amigo, mesmo se existir discordância ou rivalidade, é-se igual. Para um grego, só é possível ter amizade por alguém que é, de alguma forma, um semelhante: um grego para outro grego, um cidadão para com outro cidadão."

Sidnei Akiyoshi

16 de jul. de 2013

Onde quer chegar?

Oi!!!



Alice: Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?
Gato que sorri: Depende muito de onde você quer chegar
Alice: Não me importa muito onde...
Gato que Sorri: Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá
Alice: desde que eu chegue a algum lugar
Gato que Sorri: Oh, esteja certa de que isso ocorrerá, desde que você caminhe o bastante.”
   Eu acho que o mal da maioria das pessoas é não saber onde quer chegar. Eu sempre me questiono onde estarei daqui a um, cinco e dez anos. Faço isso desde os 20 anos e quase sempre cheguei onde queria. Sei que isso é difícil de fazer, mas em geral, as pessoas nem tentam. Isso serve, primeiramente, para a vida pessoal. Pode começar separando: trabalho, estudos, diversão, viagens, coisas, amores; tá, esse último confesso que é bem mais complicado, mas pode começar pensando, não no que você quer n@ outr@, mas no que abrirá mão pel@ outr@.

   Mas depois pode expandir isso para o coletivo. Onde você quer que as suas coletividades estejam daqui a um, cinco e dez anos. Desde a sua família até o seu país. Falo isso por uma pequena reflexão sobre as manifestações, e mais precisamente, pelos cartazes. Em geral as pessoas sabem o que não querem, mas não tem muita ideia do que querem. Mas é bom lembrar que querer é um sentimento de volição, de desejo; você pode querer o impossível, é plausível, pois é um desejo. Mas em geral o querer vem junto com o merecer, e mais em geral ainda não merecemos o que queremos; pois merecimento requer empenho, trabalho, e na maioria das vezes isso não é feito. É como ganhar a sobremesa SE comer o brócolis, como viajar para Paris SE economizar dinheiro, como ter um país melhor SE se engajar eticamente em política; e tudo isso requer empenho: comer aquela coisa verde, não gastar com supérfluos, dedicar uma parte do seu tempo.

   Eu sei que os meus próximos dez anos vão ser dedicados ao trabalho e consequentemente aquisição de bens e economia. Como isso se dará, está se encaminhando, pois os caminhos só são decididos depois do destino.

Sidnei Akiyoshi

11 de jul. de 2013

Continuidade

Oi!!!

   Já falei aqui sobre aceitar os próprios erros. Isso é bom e resolve boa parte dos problemas, pois ou você aceita o erro e resolve ou aceita que ele é irremediável e desencana. Lembrando que para resolver algo existem dezenas de maneiras, desde o pega e faz até o manda fazer.

   Aceitei que tenho erro de continuidade. Como nos filmes, em que o personagem principal sai de casa com uma camisa branca e aparece logo em seguida com uma vermelha (no caso não era um filme tipo walking dead), então entendemos que em algum momento houve a troca e nós observadores do filme não fomos informados. Pois eu tenho isso.



   Em empreendedorismo isso se chama perder o foco, mudar o rumo, desviar de objetivos, mas no linguajar popular podemos dizer que é o famoso: começa mas não termina. Eu diria sim e não, pois olhando de pertinho parece caótico, mas no macro até que faz sentido. É que quando olhamos de forma mais administrativa as metas parecem não fazer sentido, pois em geral na minha vida elas não são mensuráveis. Por exemplo: ter um carro é algo mensurável, ele custa tanto para comprar e tanto para manter, bem simples de entender. Agora quando falamos em conhecimento... começa a complicar. Internet exemplifica bem isso, você começa procurando qual tipo de incenso é bom para concentração e acaba lendo sobre a confecção de turíbulos na Idade Média. Pois uma coisa puxa a outra e quando se vê está tudo entrelaçado. E isso se comprova fazendo um simples "mind map": aprender inglês - mestrado - artes plásticas - literatura - contar histórias (em inglês?).

   Estou pensando em mensurar esse conhecimento. Só assim deixarei de perder a continuidade. E como vou começar a lecionar, refleti que uma das formas de medir se aprendeu é se sabe passar esse conhecimento. Talvez não seja o melhor método, talvez eu precise de uns 200 anos ou talvez eu compre uma camisa vermelha. Vamos ver a continuidade disso. Com certeza não virá o Oscar de melhor figurino, mas é bem provável que venha o de melhor roteiro original.

Sidnei Akiyoshi

5 de jul. de 2013

"Humores" texto da exposição.

Oi!!!

Segue o texto da minha exposição "Humores" que está no Venezianos Pub em Porto Alegre até dia 22/07.





Humores - Encáustica sobre tela - 60x80 cm - 2013




“Humores“

            Essa exposição “Humores”, reuni algumas obras que fazem parte dos meus estudos recentes em arte, onde faço uma relação entre arte-corpo-sociedade. Duas técnicas aparecem em preponderância: a encáustica e a colagem.  Como estudos, as peças são feitas em tamanho reduzido, o que ajuda no entendimento da técnica como no desenvolvimento das ideias.

            O corpo surge como elemento disparador da criação. De sua pele às entranhas, tudo é motivo para pensar o corpo como elemento intrínseco à arte. Dissecada as materialidades é necessário observar como elas se relacionam com a sociedade, como diz Merleau-Ponty: “O enigma consiste em meu corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele que olha todas as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o “outro lado” de seu poder vidente. Ele se vê vidente, ele se toca tocante, é visível e sensível para si mesmo. É um si, não por transparência, como o pensamento, que só pensa seja o que for assimilando-o, constituindo-o, transformando-o em pensamento – mas um si por confusão, por narcisismo, inerência daquele que vê ao que ele vê, daquele que toca ao que ele toca, do senciente ao sentido – um si que é tomado portanto entre coisas, que tem uma face e um dorso, um passado e um futuro...”. Um corpo que se vê do avesso e extrapola seus humores para além das aparências.

            Segundo Hipókrates, o pai da medicina, existem quatro tipos de humores:  A bile amarela (humor colérico), bile negra (melancolia), sangue (sanguíneo, alegre)e fleugma (fleugmático, frio). O desequilíbrio entre esses humores é o que gera as doenças, consequentemente o equilíbrio, saúde. Esses humores se refletem na sociedade, ora mais escondidos, ora se mostrando, mas o mais evidente: em total desequilíbrio. 

            Entre quente e frio, seco e úmido, essa exposição “Humores” tenta trazer um pouco da minha visão sobre o que é ou pretende ser nossa sociedade contemporânea, ou líquida, como diz Zygmunt Bauman.  Um sociedade que altera seus valores e se transforma rapidamente para se adaptar aos mais diferentes propósitos, sejam eles nobres ou devassos. Contanto que ao final, reste sempre um” bom” humor.

Sidnei Akiyoshi