27 de mar. de 2013

"Colecionadores de olhares desaparecidos”

Oi!!!

   Sim, estou a procura de uma agulha num palheiro!!!

Fio - Cildo Meireles - 1990/95 - Fio e agulha de ouro em fardo de palha.


   Estes últimos tempos tenho me questionado muito. Como artista, como pessoa, como ser em si. Muito mais a procura de uma pergunta do que uma resposta. Pois as respostas geralmente não servem ou se servem já não é mais a resposta que procuro, pois se a encontrei a pergunta deixou de existir. Talvez pela situação financeira difícil, fique realmente difícil continuar em arte, mas isso nunca impediu de fazer arte, então não é uma questão inibidora do pensar em si, talvez dificulte um pouco o fazer, mas isso tudo é possível canalisar para outros meios mais acessíveis de produção, como o vídeo ou o virtual, ou mesmo o mais básico dos fazeres artísticos: o desenho.
   A questão principal é sobre o que falar. Muito já foi dito, muito está sendo dito. Mas nada realmente cria aquele "estalo" que me move, nada gera o desejo criador. O que faço é reproduzir o mesmo, que nem meu é, apenas reconto aquilo que alguém já contou. Procurar esse olhar desaparecido está cada vez mais difícil. Sei como procurar; basta olhar para aquilo que está, ver o que é e questionar o por quê? Mas mesmo assim tudo parece ser tão maçante. Talvez o tédio seja o principal elemento, mas será que David Hockney já não disse tudo? Talvez a morte da arte seja o mote principal, ou o luto segundo Marcia Tiburi. Devemos beber o defunto (arte) e num silêncio constrangedor, entre sussurros maliciosos, enaltecê-la. Talvez seja isso, produzir o silêncio do velório até que esse período de luto acabe e possamos viver novamente. Ou quem sabe aguardar o terceiro dia.... na dúvida verei se nesse palheiro alguma galinha botou algum ovo e garantir o meu. Omeletes são ótimas.

Sidnei Akiyoshi

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