15 de jun. de 2013

Enquanto eu tenho R$0,20 ou o porque da classe média não ir às ruas.

Oi!!!

   É impossível ficar impassível aos acontecimentos dos últimos dias em São Paulo. Já comentei, postei, curti muitas coisa sobre isso. Mas de tudo o que mais me chateia são os comentários de uma classe média que se indigna com manifestação. Poderia aqui colocar inúmeros argumentos e exemplos a favor da manifestação, mas vou inverter, vamos falar porque não manifestar.
   Vamos entender primeiro a estrutura de uma classe média, a chamada classe B-C. Não estou falando de classe média alta, aqueles dos sofás de R$4.000,00. Mas daqueles que ganham entre 2 e 10 mil. Existem desde trabalhadores de fábrica até profissionais liberais, então é um público amplo e heterogêneo. Para eles o sistema em vigor não é perfeito (prefeririam um Thatcherismo bem Neo-liberal com Estado Mínimo) mas é o que tem e se adaptam com certa facilidade a ele. Têm aversão a Comunismo, Socialismo, Marxismo ou qualquer Ismo que tenha vermelho em sua bandeira. Hoje eu entendo que vivemos em uma social-democracia levemente de esquerda, pois você tem saúde e educação (que é o básico) gratuita para todos (conseguir são outros quinhentos).
  Com esse perfil da classe média e de governo bem superficial, já e suficiente para entender o mecanismo. O indivíduo dessa classe precisa se locomover para seu trabalho (isso ele conquistou a duras penas, mérito dele), mas o transporte coletivo é deficitário, ele compra um carro à prestação. Ficará preso no trânsito mas sabe que terá como chegar ao seu trabalho para poder pagar o carro. Fica doente e não consegue atendimento ágil pelo SUS, ele paga um plano básico de saúde para ser atendido. Seu filho precisa estudar mas a escola é precária, tanto em espaço, como material, como professores, ele paga um colégio particular. Com a aquisição desses bens ele se sente inseguro com a segurança pública, e muda-se para um condomínio fechado e paga um guardinha para ficar numa guarita.

Marcha pela Família, Trabalho e Propriedade com Deus.


   Enquanto ele conseguir espremer seus R$0,20 centavos para pagar isso tudo, que numa social-democracia deveria ser fornecido pelo Estado (não os R$0,20 centavos), pois é direito básico, ele continua preferindo essas soluções individuais, pois se esses R$0,20 centavos dá para pagar isso, ele prefere, pois cobra desse setor privado e não precisa ir às ruas pedir para o Governo fornecer. O que esse indivíduo não entende, é que abaixo dele exista outras classes, aproximadamente 40% da população brasileira, que não têm acesso a esses R$0,20 centavos e nenhuma perspectiva de conseguir. Essa parcela também não sai às ruas para manifestar, pois o desejo dela é também ter acesso aos R$0,20 centavos. Resta uma pequena parcela de pessoas que entendem que todos deviam ter acesso a pelo menos R$0,20 centavos, para ter estudo e poder escolher a melhor forma de manifestação para ter o básico e não precisar gastar esses R$0,20 centavos com isso.
   Ps: R$0,20 centavos é uma metáfora, ok?

Sidnei Akiyoshi

Nenhum comentário: