20 de nov. de 2013

Ok. 40. E agora?

Oi!!!

   Ontem fiz quarenta anos. Então, e agora?

   Sinceramente não sei muito bem, talvez porque não me sinta com quarenta anos. Ter essa cara de trinta e bem poucos ajuda bastante. Mas a referência que temos são nossos pais aos quarenta e eu me vejo bem diferente dele.

Sim, sou eu. Foto: Gerson Roldo.


   Primeiramente o fato de não ter filhos, principalmente adolescentes, faz uma grande diferença. Não ser pai é significativo, não ter que cuidar de alguém ou passar algo para alguém, acredito ser o maior diferencial; nem bom nem ruim, só diferente. Estar inserido no mundo tecnológico também dá a sensação de que estou falando as mesma língua de quem tem vinte anos. Ser uma pessoa que toma cerveja, come sanduíches, chupa balas, toma picolés, tudo com naturalidade, também não me remete ao que seria esse homem de quarenta anos. Pois como disse, esse homem de quarenta idealizado em minha cabeça usa terno, bebe destilado, come "comida", só anda de carro e passa férias com família na praia.

   Mas deixando os estereótipos de lado, os quarenta nos trazem coisas bem interessantes. Você tem mais certeza que vai morrer, pois as pessoas mais velhas com quem convive estão começando a morrer. O tempo tem outra dinâmica, ganha finitude. A relação com as pessoas se torna menos idealizada. Você percebe que as pessoas não são como gostaria que fossem, algumas são mais legais, mas a maioria são bem mesquinhas mesmo; e sim, você tem que conviver com a maioria delas. Você  fica mais egoísta, afinal terá menos tempo e passa a pensar mais em si, e em contrapartida dá mais valor às poucas pessoas que realmente valem a pena dividir seu tempo. E percebe que é hora de colocar tudo numa balança para saber o que já foi feito, o que precisa ser refeito e o que precisará começar a fazer.

   No meu caso específico, acredito estar em vantagem. Tenho uma boa biblioteca (real e existencial), já viajei bastante, já trabalhei em  muitas coisas (boas e ruins), já tive muito dinheiro e nenhum dinheiro, já estudei bastante e com qualidade (mas tem muito mais), já me diverti bastante (na infância e na juventude), e já chorei e amei com intensidade.

   Pensando nisso, existem poucos arrependimentos e muitas comemorações. Assim, o que fazer após os quarenta fica mais fácil, pois eu não preciso viver a idade do lobo e voltar aos vinte para fazer algo que deixei de fazer, e sim utilizar tudo o que vivi até os quarenta para construir essa vida que começa. Como um amigo me disse uma vez: "Você não nasceu com o cu pra lua, mas com todos os órgãos genitais arreganhados para ela". Vou tirar proveito disso e transformar esse segundo tempo numa goleada e fazer desse 5x0 num vira cinco, acaba dez.

   Então. E agora? Agora é hora de começar essa vida sem tantas perspectivas, ser mais cubistas, mas sem ser dadaísta, até chegar numa abstração conceitualista. Então, quer vir junto?

   Sidnei Akiyoshi, agora na versão 4.0.

Um comentário:

Mari Sussaio disse...

Adorei o post!!! Estou nos quase 30 anos e você me fez pensar que a vida pode ser mais leve... =)