Segue o texto da minha exposição "Humores" que está no Venezianos Pub em Porto Alegre até dia 22/07.
Humores - Encáustica sobre tela - 60x80 cm - 2013
“Humores“
Essa
exposição “Humores”, reuni algumas obras que fazem parte dos meus estudos
recentes em arte, onde faço uma relação entre arte-corpo-sociedade. Duas
técnicas aparecem em preponderância: a encáustica e a colagem. Como estudos, as peças são feitas em tamanho
reduzido, o que ajuda no entendimento da técnica como no desenvolvimento das
ideias.
O corpo
surge como elemento disparador da criação. De sua pele às entranhas, tudo é
motivo para pensar o corpo como elemento intrínseco à arte. Dissecada as
materialidades é necessário observar como elas se relacionam com a sociedade,
como diz Merleau-Ponty: “O enigma
consiste em meu corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele que olha todas
as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o “outro lado” de
seu poder vidente. Ele se vê vidente, ele se toca tocante, é visível e sensível
para si mesmo. É um si, não por transparência, como o pensamento, que só pensa
seja o que for assimilando-o, constituindo-o, transformando-o em pensamento –
mas um si por confusão, por narcisismo, inerência daquele que vê ao que ele vê,
daquele que toca ao que ele toca, do senciente ao sentido – um si que é tomado
portanto entre coisas, que tem uma face e um dorso, um passado e um futuro...”.
Um corpo que se vê do avesso e extrapola seus humores para além das
aparências.
Segundo
Hipókrates, o pai da medicina, existem quatro tipos de humores: A bile amarela (humor colérico), bile negra
(melancolia), sangue (sanguíneo, alegre)e fleugma (fleugmático, frio). O desequilíbrio
entre esses humores é o que gera as doenças, consequentemente o equilíbrio,
saúde. Esses humores se refletem na sociedade, ora mais escondidos, ora se
mostrando, mas o mais evidente: em total desequilíbrio.
Entre quente
e frio, seco e úmido, essa exposição “Humores” tenta trazer um pouco da minha
visão sobre o que é ou pretende ser nossa sociedade contemporânea, ou líquida,
como diz Zygmunt Bauman. Um sociedade que altera seus valores e se
transforma rapidamente para se adaptar aos mais diferentes propósitos, sejam
eles nobres ou devassos. Contanto que ao final, reste sempre um” bom” humor.
Sidnei Akiyoshi
Nenhum comentário:
Postar um comentário