5 de jul. de 2013

"Humores" texto da exposição.

Oi!!!

Segue o texto da minha exposição "Humores" que está no Venezianos Pub em Porto Alegre até dia 22/07.





Humores - Encáustica sobre tela - 60x80 cm - 2013




“Humores“

            Essa exposição “Humores”, reuni algumas obras que fazem parte dos meus estudos recentes em arte, onde faço uma relação entre arte-corpo-sociedade. Duas técnicas aparecem em preponderância: a encáustica e a colagem.  Como estudos, as peças são feitas em tamanho reduzido, o que ajuda no entendimento da técnica como no desenvolvimento das ideias.

            O corpo surge como elemento disparador da criação. De sua pele às entranhas, tudo é motivo para pensar o corpo como elemento intrínseco à arte. Dissecada as materialidades é necessário observar como elas se relacionam com a sociedade, como diz Merleau-Ponty: “O enigma consiste em meu corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele que olha todas as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o “outro lado” de seu poder vidente. Ele se vê vidente, ele se toca tocante, é visível e sensível para si mesmo. É um si, não por transparência, como o pensamento, que só pensa seja o que for assimilando-o, constituindo-o, transformando-o em pensamento – mas um si por confusão, por narcisismo, inerência daquele que vê ao que ele vê, daquele que toca ao que ele toca, do senciente ao sentido – um si que é tomado portanto entre coisas, que tem uma face e um dorso, um passado e um futuro...”. Um corpo que se vê do avesso e extrapola seus humores para além das aparências.

            Segundo Hipókrates, o pai da medicina, existem quatro tipos de humores:  A bile amarela (humor colérico), bile negra (melancolia), sangue (sanguíneo, alegre)e fleugma (fleugmático, frio). O desequilíbrio entre esses humores é o que gera as doenças, consequentemente o equilíbrio, saúde. Esses humores se refletem na sociedade, ora mais escondidos, ora se mostrando, mas o mais evidente: em total desequilíbrio. 

            Entre quente e frio, seco e úmido, essa exposição “Humores” tenta trazer um pouco da minha visão sobre o que é ou pretende ser nossa sociedade contemporânea, ou líquida, como diz Zygmunt Bauman.  Um sociedade que altera seus valores e se transforma rapidamente para se adaptar aos mais diferentes propósitos, sejam eles nobres ou devassos. Contanto que ao final, reste sempre um” bom” humor.

Sidnei Akiyoshi

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