20 de jul. de 2013

O tecido da amizade.

Oi!!!

Como é dia do amigo, um texto teórico sobre amizade, de J.P. Vernant no livro Entre mito e política.



   "Existimos com e pelos outros, que, ao mesmo tempo, são e não são como nós. (...). É assim também que se tece a amizade, por meios de percursos mais ou menos difíceis, de fracassos, de contra-sensos, de retomadas... Não existe imediato nos homens, tudo acontece por meio de construções simbólicas.
   Por vezes, também, é preciso dar umas tesouradas no tecido, mesmo com pessoas que gostamos muito, cortar para que o tecido continue.
   (...)
   ..., que são amigos aqueles com os quais temos as coisas essenciais em comum: as lembranças, as experiências, os valores... Dizer que entre amigos tudo é comum significa que existe, como na cidade grega, uma relação particular de igualdade em virtude da qual a própria vida privada, ao menos em muitos de seus componentes, é compartilhada com os outros; não é só porque podemos dizer aos amigos coisas que não diríamos a outros; mas as recordações, as alegrias, as tristezas, que nada têm a ver com o domínio público, no sentido grego do termo, e sim com o que eu chamaria de próprio, particular, são vivenciadas na participação com os outros em uma relação de troca igualitária.
   Com efeito, a igualdade é fundamental na amizade. Quando se é amigo, mesmo se existir discordância ou rivalidade, é-se igual. Para um grego, só é possível ter amizade por alguém que é, de alguma forma, um semelhante: um grego para outro grego, um cidadão para com outro cidadão."

Sidnei Akiyoshi

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